Caixa Preta

Um avião da Gol que ia de Manaus para Brasília desapareceu sobre o Pará nesta sexta-feira (29), com 155 pessoas a bordo, de acordo com Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O vôo tinha o número 1907, saiu de Manaus às 14h36 e tinha chegada prevista para as 18h10. Segundo o site da Gol, os passageiros poderiam fazer conexões, com outros números de vôo, para São Paulo ou Rio de Janeiro.

De acordo com informações iniciais, o avião da Gol colidiu com outro de pequeno porte. A companhia aérea confirma o desaparecimento da aeronave, mas não informa mais detalhes.

A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou um avião C-99 de Anápolis (GO) e um C-130 do Rio de Janeiro em missão de busca e resgate ao local aproximado do acidente.

Neste instante os amigos e familiares que esperavam os passageiros do avião em Brasília estão sendo colocados em um ônibus para serem levados embora do aeroporto. A Infraero vai dar uma coletiva logo mais.

Fonte: Agências Globo

Notícia de ontem e… ok! Uma hora dessas já sabemos um pouco mais sobre o acidente, como, por exemplo, a cidade em que o avião caiu, sobre ter sido uma queda vertical e sobre não haver sobreviventes. Porém, independente do tamanho da tragédia, ao ler sobre avião-caindo-na-floresta é impossível não lembrar do vôo RG-254, que no domingo do dia 3 de setembro de 1989, caiu em meio à escuridão da selva amazônica.

NÃO! É claro que eu não lembro do acidente (nesse dia eu deveria estar… sei lá… andando dentro de casa no velotrol em forma de carro de formula 1 que fazia a alegria dos meus parcos cinco anos de idade). Assim como eu também não lembro do incêndio no brasileiro RG-820 (afinal, em 1973 eu sequer sonhava em nascer!) ou do seqüestro do VP-375, em 1988 (na verdade, lembro va-ga-men-te desse sim… afinal, o cara queria – e, não fosse o fato do avião estar cheio de inocentes, eu lamentaria profundamente por ele não ter tido sucesso – lançar o avião sobre a cabeça do então presidente José Sarney).

Ivan Sant’anna lembra. Está tudo ali, brilhantemente registrado no livro Caixa Preta: O Relato de Três Desastres Aéreos Brasileiros (Rio de Janeiro: Objetiva, 2001). Independente de sua formação e experiência serem ligadas aos números, e não aos textos (formado em Mercado de Capitais, Sant’Anna trabalhou no mercado financeiro por 37 anos), Ivan escreve melhor do que muito jornalista por aí. Não reduz seu livro a mera copilação de informações oficiais. Vai longe, abre as cortinas, dá vida às palavras ao traçar com maestria os perfis de seus personagens, sejam eles pilotos, garimpeiros, atrizes ou empresários.

Caixa Preta é um exímio livro-reportagem, e é leitura mais que recomendada para qualquer um que se interesse por acidentes aéreos ou por bons textos de literatura da realidade (não é a toa que ele é um dos títulos citados na bibliografia do meu TCC).

4 Respostas to “Caixa Preta”

  1. JW Says:

    menos de meia hora após postar isso aqui, ligo a tevê na Record e dou de cara com uma bela matéria sobre acidentes aéreos, citando, logo no começo, o vôo 254 e o livro do Ivan Sant’anna, com direito a declaração do autor.

  2. Carina Says:

    Esse acidente foi horrível, acho que o pior dos piores… =(

  3. Edson Junior Lain Says:

    Também sou a favor. E quer saber mais? Acho que a coisa tá feia agora para o Lula. E em relação à sua playlist aí ao lado: Elliot smith e Radiohead….duas das minhas preferias! Belo gosto!

  4. Paulo Coelho « “A Canção Pobre” Says:

    […] Sinto frustrar aqueles que chegam ao Canção Pobre buscando por expressões como “acidentes aéreos”, “caixa preta do avião da gol”, “vôo RG-254”, “imagens do avião” etc (tudo por causa do texto sobre Caixa Preta – o livro do Ivan Sant’Anna, do último dia 30), maaaas… acidente aéreo definitivamente não é o assunto favorito deste que vos escreve. ********** […]

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